Nelly Winter lança “Somos Coloridos” na 27ª Bienal Internacional do Livro e aborda superação e letramento LGBTQIA+

Um guia de letramento LGBTQIA+ e a evolução de uma trajetória

A drag queen e escritora mato-grossense Nelly Winter apresentou sua nova obra, “Somos Coloridos”, na 27ª Bienal Internacional do Livro, em São Paulo.

O livro, que foi oficialmente lançado em Cuiabá no dia 2 de outubro, com direito a sessão de autógrafos no Cine Teatro, é um marco em sua carreira.

Segundo Nelly, a obra busca desmistificar os conceitos da comunidade LGBTQIA+ para o público não pertencente a ela, abordando com clareza a diversidade e as nuances dessa “sopa de letrinhas”.

“Quem está dentro da comunidade entende, mas quem está fora acha tudo muito confuso. A proposta é simplificar esse diálogo e educar”, explica a autora. O livro é o quinto de sua carreira e simboliza sua evolução literária e ativista.

Da trajetória artística à militância literária

Nelly Winter começou sua trajetória como drag queen em 2001, animando eventos e festas. Com o tempo, expandiu suas atividades, atuando como palestrante, mestre de cerimônias e escritora. Sua jornada acadêmica também é marcada por conquistas: graduada em Turismo, Publicidade e Propaganda, e com uma especialização em ensino superior.

Durante a pandemia, em 2020, ela escreveu o romance “O Abuso”, uma obra de impacto social que retrata de forma sensível os sinais de abuso infantil, buscando conscientizar pais e educadores. A narrativa acompanha a história de um menino de cinco anos que, ao longo dos anos, tenta alertar sobre o que está vivendo, mas é ignorado pelos adultos à sua volta.

Superando adversidades: polêmica do cancelamento de 2022

Em 2022, o lançamento do livro “Versa: Brados em Linhas” foi cancelado pelo Sesc de Mato Grosso, gerando uma polêmica que culminou em uma indenização por homofobia em 2023. Nelly enfrentou um período difícil, incluindo crises de pânico e afastamento de sua rotina. Ela relatou que, além do cancelamento, a forma como foi tratada por ser drag queen evidenciou a discriminação.

“O problema não era só o cancelamento do evento, mas a maneira como fui desrespeitada por quem eu sou”, declarou.

Reconhecimento e impacto

Apesar dos desafios, Nelly nunca desistiu. Em 2006, conquistou o título de Miss Drag Queen e, mais recentemente, participou de diversas antologias poéticas e organizou publicações voltadas à arte e cultura drag. Suas obras, sempre marcadas por uma forte mensagem de inclusão e conscientização, consolidaram sua presença como uma das vozes mais relevantes da comunidade LGBTQIA+ no Brasil.

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